Contos de Laís Chaffe. Uma mulher que discute a maternidade com um de seus óvulos. Um casal de estudantes de medicina que entra num perverso jogo envolvendo partes de cadáveres. A metamorfose de uma jovem em árvore, após ter engolido uma semente de laranja. Um homem que vende os próprios órgãos ainda em vida. Essas são algumas das situações criadas pela gaúcha Laís Chaffe nas histórias de Não é difícil compreender os ETs. São 22 contos, divididos em duas partes. A primeira, com o mesmo título do conjunto, é marcada pelo humor – às vezes, tragicômico. Na segunda, intitulada Valsa do Poderoso Chefão, o tom é mais dramático; em alguns casos, poético. A personagem Laura, que o leitor já havia conhecido em um dos contos do primeiro grupo, agora aparece com mais frequência, assim como os textos alegóricos. Não é difícil compreender os ETs foi escolhido pelos jornalistas do programa Cafezinho, da rádio Pop Rock de Porto Alegre, como um dos melhores livros entre os lançados em 2002.
AGE (distribuição Casa Verde), 112p, 2002, 14 x 21
ISBN: 85-7497-099-0
Obrigado pelo prazer da leitura. Li com sede, vou reler com sofreguidão.Fernando Neubarth
(…) destaco O retrato do velho (a força do simbólico sobre a realidade), Por que parei (um mini-tratado sobre a função da literatura na vida do autor, que fica ainda mais forte porque a narradora não percebe a grandiosidade da coisa, deixando essa conclusão para o leitor – gosto demais desse tipo de literatura, que é clara e impactante para o leitor sem necessariamente que a reflexão saia das palavras dos personagens, ou até o contrário, quando o personagem tem uma reflexão claramente equivocada a respeito de sua realidade existencial), Valsa do poderoso chefão (com o subtexto mil vezes maior que o texto), Salto (uma inversão fantasiosa que nos remete aos verdadeiros valores, o que é irônico, no mínimo), e Freeways(código delicioso no qual ficou, pra mim, faltando aquela última pecinha decifratória, o que deu o mérito maior do texto).
Leonardo Brasiliense
(…) Li “de uma sentada”, como se costuma dizer por aqui, e gostei muito. As histórias são curiosíssimas, todas inusitadas e muito estranhas, para além do que se pede de um bom conto. (…)
Gosto muito de contos curtos, (…) e tenho profunda admiração por quem consegue escrevê-los mais longos, sem com isso pôr em risco a atenção do leitor. No teu caso, tens estofo linguístico e humano para fazê-los de qualquer tamanho (…)
Monotonia é um belo conto, desses que desacomodam o leitor à medida que a história avança. É muito bem realizado. Em Por que parei encontrei ecos de Borges e Kafka. Moça sonhando com Veneza e Um cachorrinho pequinês completam o quarteto dos que mais gostei. Este último me lembrou os belos contos de infância do Faraco.
Luiz Paulo Faccioli
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